Era uma vez um jovem desconhecido que vivia na emoção da descoberta.
Mas, descobrir o quê?
Um dia, esse jovem bom e sensível, com um grande coração, decidiu meter-se a viagem. Vestiu as suas Levi's 501, calçou as suas botas de cabedal preto e pôs a mochila às costas. Tinha tudo para uma viagem; a sopa instantânea, as pastilhas para o enjoo, a máquina fotográfica e os livros de banda desenhada.
Mas, faltava-lhe o destino...
Então, de repente, viu passar à frente dos seus olhos uma chinesa e disse:
-"Vou para a Índia."
E lá foi ele a correr, sem parar, para ver se ainda conseguia apanhar o último ferry-boat.
Havia passageiros de todas as espécies e variedades mas, entre eles, destacava-se um homem mau. Acho que a sua maldade provinha do excesso de vinho, tequilla, whisky, absinto e outras bebidas alcoólicas.
O pessoal do barco até o costumava chamar de Baco, deus do vinho... E tinha cá umas cores...
O homem mau parece que tinha problemas com a vida. Então não é que, uma vez, durante a viagem, de ter tanta inveja do jovem, Vasco de seu nome, provocou uma tempestade no mar!
Entraram todos em pânico julgando que era a tragédia do Titanic,
O jovem Vasco ficou tão assustado e com tanto medo que só se lembrava do futuro que ainda poderia ter a vir se não morresse, dos filhos que poderia ter, da reforma avantajada que o governo lhe poderia dar se ele chegasse a ser alguém na vida.
E foi aí, a pensar na reforma, que ele, com uma coragem de leão, entre os raios da tempestade se levantou com a bóia de salvação à cinura e pediu a Deus e ao Anjo da Guarda que o ajudassem a sair vivo daquela tempestade. De repente, a tormenta parou.
Não foi Deus nem mesmo o Anjo da Guarda (este era um ex-ministro do governo e as boas reformas estão caras), foi uma boa e desconhecida senhora, ou menina... quem sabe?
Houve ainda uma outra aventura durante a viagem: algém encontrou a lâmpada do Aladino, esfregou-a e apareceu um gigante, mas não era azul e era mau, também não tinha três desejos para a tripulação - o desejo que ele tinha era o de servir de empate na viagem. O jovem, como tinha visto todos os episódios do Macgyver e até tinha uma navalha igual à do tal, construiu uma bomba nuclear igual às usadas no Atol de Mururoa pelos Franceses...
Mas pronto, adiante.
Enquanto esteve na Índia, o jovem fez de tudo: tirou fotografias, comprou mais sopa instantânea para o regresso, escreveu aos amigos, descobriu que o desastre do Titanic seria uns aninhos mais tarde e comprou presentes para os familiares e amigos. Decidiu também que, nas próximas eleições, iria votar em quem lhe desse uma reforma maior.
Na viagem de regresso, o jovem já estava muito cansado e com muitas saudades da namorada; então, aquela senhora ou menina, muita linda, que devia ser prima do David Copperfield e que devia comprar as suas roupas nas lojas do Jean Paul Gaultier ou na Feira da Ladra, por serem tão, mas tão transparentes, fez aparecer uma ilha no meio do oceano.
Quando o barco atracou ao cais, a tripulação saiu e havia duas placas a indicar o caminho - uma dizia Las Vegas e a outra Ilha dos Amores. Nesta última estava uma fotografia da Madonna a fazer publicidade ao seu albúm "EROTIC".
O jovem foi para Las Vegas para jogar nos casinos; mas como era menor de idade, não o deixaram entrar. Frustrado e desiludido, saiu de Las Vegas. Dirigia-se ao barco quando, de repente, viu uma moça a chamá-lo, lá do lado da Ilha dos Amores. Foi ter com ela e ficaram a conhecer-se; Ela chamava-se Tétis e ele, achando-a totalmente diferente da sua apaixonada, apaixonou-se por ela. Tão feliz por isso, e com a cybernet e os computadores já tinham chegado à Ilha, Vasco inventou um jogo de computador e deu-lhe o nome de "Tétris".
Ao longe estava a tal senhora ou menina com o seu vestido branco transparente a olhar, feliz para eles.
Mais tarde, soube-se que ela se chamava Vénus e que não era prima do David Cooperfield mas sim da Claudia Schiffer e que os vestidos eram dela.
Na hora da partida, o jovem prometeu à amada que lhe escreveria todos os dias por correio azul... Tal nunca sucedeu - o jovem Vasco casou com a outra, teve seis filhos e não teve uma reforma decente; Tétis por seu lado ficou grávida dele, convidou Vénus (que não estivera presente...) para madrinha do filho, de nome Vasco da Gama Júnior e enriqueceu com a venda dos jogos "Tétris".
E, claro, foram todos felizes para sempre...
Adaptação de Dr. Jorge Cameira
(Artigo retirado do jornal "Expressão", da Escola Secundária Afonso de Albuquerque, Guarda)